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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Wendel Mattos: O Sono do Guerreiro de Deus

Eu conheci o Wendel em abril de 2004. Nessa época eu cantava com o grupo HEIVS de São Paulo. Era uma das primeiras apresentações com o grupo. Eu estava a um mês saído do nordeste do Brasil e tentava tudo em São Paulo (essa é uma outra longa história)... Mas em todo caso aquele foi um ano muito especial para mim. Eu nem poderia imaginar, mas em outubro daquele mesmo ano eu "cairia de para-quedas" no UNASP-C2, onde mais tarde ganharia uma bolsa e me formaria em música. Pois bem, era abril de 2004 e nós estávamos cantando todos os dias de uma semana santa (semana do calvário) realizada pelo Pr. Acílio Alves na IASD central de Campinas. No primeiro sábado desta semana o Wendel tocou o piano naquele culto e eu pensei: "Nossa, quem é esse cara?". Cabelos fartos, terno preto, parecia tímido, concentrado ao máximo,... ele tocou ali com a firmeza de quem sabia o que estava fazendo e ao mesmo tempo com a leveza e a sensibilidade de uma alma pura. Esse era o som do Wendel, quer fosse tocando ou falando, puro, sensível, concentrado e de alma transparente. (dava pra ver).
O tempo passou e agora eu estava no último ano de curso no colégio em 2007. Eu era bolsista e tive que ficar para trabalhar nas férias de janeiro. Meu setor era o prédio masculino. Eu era monitor da recepção e responsável pelo hóspedes durante o meu turno.
Na ocasião o colégio estava realizando o tradicional Encontro de Músicos do Unasp, não lembro qual a edição exata, mas nesse Encontro de Músicos o curso de harmonia e interpretação ao piano seria ministrado pelo Wendel que já havia sido acomodado em um dos apartamentos do prédio.
Era madrugada, tudo estava tranquilo na recepção do prédio, eu estava jogando 'paciência' no computador. Por trabalhar de madrugada eu tinha o sono desregrado e ao mesmo tempo sofria com os meus dilemas pessoais, trazidos ao longo dos anos anteriores, que resultariam em duras sequelas no futuro. (Eu não fazia idéia naquela época, que sofria de sérios problemas emocionais que só seriam diagnosticados anos mais tarde.) De repente o telefone toca. Do outro lado da linha o professor e maestro Samuel Krähenbühl, que estava hospedado junto com o Wendel no mesmo quarto, me ligou no ramal pedindo ajuda para o Wendel. Nessa época ele já havia sido muito bombardeado por outros problemas de saúde e tinha recém descoberto o tumor no cérebro. As crises convulsivas agora se repetiam frequentemente.
Eu corri para o quarto e quando entrei lá perguntei o que poderia fazer por ele, o Wendel falou comigo e disse: -"Negão eu preciso de água, por favor ligue para a minha esposa". -Eu disse que ela já estava a caminho. -"diga pra ela não se preocupar, eu estou melhorando e a crise já passa". O interessante é que quando ele tinha essas crises, a memória dele cancelava algumas informações sobre pessoas, funções, coisas... e poderia até ser que alguma pessoa conhecida dele, no momento da crise, não fosse reconhecida por ele... Mas ele me reconheceu e esse fato de ele ter me reconhecido nesse momento de crise, me tocou profundamente naquela conturbada noite. Eu enchi ainda mais o coração de amor e simpatia pela dor daquele jovem homem de Deus que era um dos meus compositores prediletos. Passei a ama-lo ainda mais e tudo o que em tão pouco tempo descobri sobre sua história de vida e sua música brotada de sua mente genial, porém sofrida e marcada pelo cancer, me fizeram refletir na infinidade do poder de Deus. O que quero dizer é que Deus me tocou naquele momento e pra fazer isso Ele teve que usar a vida do Wendel.
Wendel na gravação do DVD
'Coisas Invisíveis' do grupo
Tom de Vida
Pra você ter uma idéia, quando eu dei o copo de água para o Wendel, ele sabia que era água, mas não lembrava do movimento que tinha que fazer com o braço a fim de que o copo chegasse até a altura de sua boca e ele pudesse beber;
mais tarde quando a crise maior já tinha passado, na sala de aula do curso de harmonia e interpretação ao piano, ele ainda teve outros lapsos de memória e em vários momentos teve de explicar para os alunos a razão pela qual ele estava com dificuldades de mostrar na prática (tocando o piano) como funcionava o assunto que ele estava apresentando, ou tentando apresentar. Eu estava na aula e meu coração se partiu naquele momento ao vê-lo, já sem aqueles fartos cabelos por causa do tratamento, lutando num esforço fora do comum pra lembrar as informações sem, no entanto, conseguir tocar acordes simples como um dó maior. (...).
A vida do Wendel Mattos, pra mim é um grande exemplo de como Deus faz poesia no caos. A história por trás da música "Coisas Invisíveis" escrita pelo Wendel e gravada pelo grupo Tom de Vida me mostra isso. Linda música!
Eu gosto de fazer citações ideológicas em minhas composições, de autores que eu admiro. Nesse ano escrevi uma canção que é o tema do último CD do grupo Som e Louvor "Continuo Crendo". No refrão dessa música, que fala das respostas que não temos aqui para os muitos dilemas da vida, mas que no Céu serão reveladas pelo próprio Deus, eu cito, com prazer, Wendel Mattos:

Eu continuo crendo em coisas eternas
pois nessas coisas sempre encontro real poder.
O amor, a confiança, a fé e a esperança
são motivos pra quem quer viver.
Eu continuo crendo em 'coisas invisíveis',
pois como diz (disse) o poeta:
'São sublimes e eternais'.
Eu aguardo a vitória de um Reino de glória
onde tudo vou entender.
Wendel Mattos


15/11/2010, Wendel Matos dorme o sono do guerreiro de Deus, aquele que lutou durante uma vida, agora descansa como uma criança no colo do Pai, esperando o dia amanhecer.
É isso mesmo, o dia vai amanhecer e o Wendel vai acordar. 'Quando o Sol chegar' os seus olhos irão abrir, seus cabelos estarão de volta, sua mente e corpo restaurado estarão prontos para ver aquilo que Deus fez através dele. Wendel estará no Céu. Eu eu quero reencontra-lo nesse dia. Acho que o apóstolo Paulo ficará impressionado quando Jesus apresentá-lo ao Wendel. É isso mesmo!
e eu só tenho mais uma pergunta para encerrar:
Você não gostaria de viver por esse Deus por quem o Wendel Matos morreu?
Eu quero!

Conheça mais sobre o Wendel Matos, neste último vídeo dele falando de sua 'Sublime Esperança', música tema do Cd do Pastor e meu amigo Jonatas Ferreira.
www.youtube.com/watch?v=KFa8277URjw&feature=player_embedded

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Adorador Adventista e o Senso da Presença de Deus

Em Juízes Cap. 2 o “Anjo do Senhor” (Cristo) se dirige diretamente ao povo pela última vez. Depois Ele falaria apenas com aqueles escolhidos para julgar sobre o povo. As escolhas do povo fizeram com que eles mesmos perdessem algo sobremodo importante: o senso da presença de Deus. Você pode imaginar o que ocorre quando o mesmo acontece conosco?
Depois da morte de Josué Israel concentrava sobre si um alto nível de rebeldia e ingratidão para com o Senhor, adorando outros deuses e fazendo aliança com povos pagãos. Israel era, até então, o único povo diferente na face da Terra pois Deus os havia separado, santificado para uma obra específica. Mas eles queriam ser iguais a todo o resto do mundo!
O tempo foi passando e as gerações subseqüentes não conheciam ao Senhor e conseqüentemente não O adoravam, não mais possuíam propósitos santos em suas ações, costumes e práticas. (Jz. 2:10). Eles foram gradualmente “escolhendo fazer que era mal perante o Senhor” e aos poucos eles foram conseguindo o que queriam. Leia depois atentamente o livro de Juízes e você vai ver que eles de fato se tornaram iguais aos povos pagãos. Faltou-lhes um santo critério para discernir entre o bem e o mal.  O livro de Juízes termina da seguinte forma:
“Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia bem”.
Certa vez eu encontrei uma pessoa que canta em uma de nossas igrejas, ou seja, que toma parte na adoração, e observei que em seu tornozelo havia um adereço que pode, e é usado por qualquer pessoa no mundo. “Eu acho bonitinho!” – Disse a pessoa.
Em outra situação, num culto, eu ministrava o louvor e depois da ministração, subiram duas distintas jovens senhoras para  cantar. Uma delas usava nas mãos um esmalte de cor vermelha, muito bonito por sinal, mas o pensamento que me ocorreu naquele instante foi: “qualquer mulher ou homem no mundo usaria esse esmalte”. Uma amiga adventista que também gosta de pintar as unhas me disse uma vez:
-“Você acha, Daniel, que Deus está observando o esmalte que eu uso? Onde está escrito isso na Bíblia? Deus vê o coração e isso é o que importa!”(...) -É, parece que a Bílblia de fato não fala sobre esmaltes de unha... Já imaginou se falasse?... Mas deixe-me continuar.
Sábado a noite alguns jovens da igreja costumam ir a um barzinho aconchegante e o barzinho até tem um nome bíblico, (você não vai acreditar), em algum lugar da cidade existe um barzinho que se chama “Babilônia”. -Isso mesmo, “babilônia!”. (Ta amarrado! rsrsr). Para defender a ida a esse bar, uma outra jovem adventista disse:
–Não,... isso não tem “nada a ver, é só um barzinho. Podia ter um outro nome qualquer”. (– Como se o problema fosse só o nome do bar...) 
De fato eu, Daniel D. Salles, apesar de não gostar de ir a lugares onde sirvam bebidas alcoólicas, também acho que não há nada de mais em ir a determinados lugares, ou usar determinadas coisas, tais como um búzio no tornozelo, (eu não usaria, até por saber o significado)... Honestamente, apesar de não ser a favor, também acho bonito o esmalte vermelho nas mãos femininas, quando elas usam inclusive para cantar na Escola Sabatina ou no culto divino,  ou, quem sabe para ir à balada,(...) aliás, tenho uma pergunta: existe hoje alguma diferença entre ir a igreja e ir a um barzinho de nome exótico? Infelizmente tenho de ser franco. Não há diferença já que todas as pessoas normais da cidade, que procuram apenas por entretenimento, diversão e rever amigos, freqüentam igrejas da mesma forma como frequentam barzinhos. A realidade é que ir a uma igreja nunca foi tão comum quanto ir a qualquer outro lugar. Igreja e barzinho, por exemplo, todo mundo tem um(a) predileto(a). Não deveria ser assim! Concorda?
No entanto, para todo e qualquer assunto que levante uma questão polêmica dentro da igreja, encontramos uma solução simples que não está no gosto pessoal e sim na palavra de Deus. A Bíblia não é um livro de receitas e exercícios prontos. A Bíblia não vai falar sobre se é certo usar ou não adereços, esmaltes e jóias; nem tão pouco acharemos uma lista de barzinhos com nome bíblico ou baladas sacras do Sábado à noite que podemos freqüentar. A Bíblia fala de Deus e Seus planos. E ainda, como podemos perder ou ganhar o senso de Sua presença em nossas vidas. A Bíblia me diz que “a casa dividida não pode subsistir” (Mc. 3:25). A Bíblia me fala de alianças feitas por Deus com pessoas iguais a nós. Essas alianças envolviam a escolha, a decisão dessas pessoas. Leia isto:
“Mas se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais, se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:15). 
Sabe o que eu vejo aqui? Ou eu me pareço com Jesus em tudo o que eu faça, vista, use, toque, cheire, coma, beba... ou não me pareço com Ele em nada. Como diz o meu amigo Dr. Renato Stencel, “Deus é radical. É preto no branco!”.
Ao contrario do que muita gente ensina, Deus está presente em todos os lugares sem restrição. O salmista diz:
“Para onde me irei do Teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face?” (Sl. 139:7). Não existe lugar onde Deus não esteja e não domine sobre tudo. Isso quer dizer que Deus conhece o barzinho “Babilônia”. E acima de tudo Deus conhece o meu coração e o meu pensamento. É isso mesmo, Deus já me conhece. O que Ele deseja agora é que eu O conheça. Ele quer ser achado por mim em Sua Palavra. Porém aqui mora o problema. Por decisão minha eu escolho não conhecer o Senhor e conseqüentemente perco o senso de Sua presença.
Quando eu perco o senso da presença de Deus, eu até ouço, mas não entendo; eu vejo, mas não percebo, pois o meu coração se torna insensível. (Ver Atos 28:26-28).
Aquele que é onipresente se manifesta em qualquer lugar. Mas sem contato íntimo com Ele acabo por não percebê-Lo!
A Bíblia ensina em Juízes que as escolhas de Israel criaram no povo um ambiente hostil à ação do próprio Deus. Da mesma forma, hoje nossas escolhas podem criar um ambiente propício ou não em nossa mente, para a ação do Eterno. O barzinho pode ser legal, mas lá, a última coisa que eu vou perceber é a presença de Deus. Você compreende isto?
– Ah Daniel, mas e os adereços, e o esmalte?
Ok. Leia:
Quando eu perco o senso da presença de Deus eu perco o critério, o propósito e a adoração.
Com relação ao uso de esmaltes e adereços e etc, o critério é o que determina o que é adequado usar ou não, tendo em vista as normas, a profissão de fé feita por ocasião do batismo, os princípios bíblico-institucionais, ou seja, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, baseada nisso, recomenda que seus membros não utilizem esses elementos da moda secular, nem dentro nem fora do templo. Não é por ser errado ou certomas é por que entendemos que somos chamados para sermos diferentes do mundo. Aqui está o segredo! 
“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e pertencentes à Salvação...” (Hb. 6:9). Quando insisto em ser igual ao mundo, como o povo de Israel insistiu no período dos Juízes, estou entre outras coisas rejeitando o convite que aceitei, para encaixar-me no perfil descrito em Hebreus 6:4-6:
“É impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento, porque de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-O ao vitupério”.
O Espírito de Deus, que é a Sua presença em mim, me impressiona através de um santo critério, àquilo que eu devo ou não usar e fazer, etc... Se eu perco o senso da presença de Deus eu perco esse critério!
O Propósito,  é a segunda coisa que vai pelo ralo quando perco o senso da presença de Deus. Ou seja, meus motivos se tornam mais interessantes. –“Ah, eu acho bonitinho...”“Eu não vejo problema”“Eu penso que Deus vê o coração e só isso é o que importa”. – Perceba, Eu, Eu, Eu, Eu e mais Eu!
Ok, deixe-me dizer que “Eu” sou um pecador “miserável,  pobre, cego e nu” e como é que poderei discernir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado se nem me lembro do que comi hoje pela manhã?
Quanto mais posso me arriscar a dizer, “eu acho isso”, ou “eu acho aquilo”.
Nós fomos chamados por Deus para fazermos as obras dEle e não as nossas. E se pela obra dEle eu não for capaz de deixar “aquilo que eu acho que é certo” (o barzinho, o esmalte, o adereço...) eu não sou digno de ser “participante do Espírito Santo”. (Hb. 6:4).
Com relação à Adoração, essa é a última coisa que se dissolve quando eu perco o Senso da presença de Deus. Vivemos numa época onde o HOMEM se tornou o centro de tudo. A tecnologia, a mídia, os serviços em geral, todos foram feitos para atender as necessidades imediatas do indivíduo. Hoje não é preciso se levantar pra nada. Basta um click e as coisas aparecem prontas. As redes sociais substituíram as amizades reais, e os computadores escondem os olhares e ocultam a personalidade de muitos. Essas coisas naturalmente chegaram a Igreja e até possuem uma certa utilidade, pois a Igreja é feita de pessoas; o problema é quando deixamos de “servir” para sermos servidos. A maioria das pessoas que defendem o uso pessoal desse ou daquele apetrecho da moda, (ou qualquer elemento de outra área polêmica) é adepta ao uso e fala com base única em seu próprio intelecto e opinião visando a auto-justificação. No entanto essas pessoas se esquecem de que quando usamos jóias e adereços; vamos às baladas e tomamos cerveja; ou vamos ao estádio de futebol, cinema, entre outras coisas... Nós, ao contrário do que o mundo prega, nos tornamos responsáveis também pela salvação ou perdição de outros. Logo eu posso gostar de todas essas coisas, elas podem me parecer lícitas, mas pela salvação do meu irmão eu devo abrir mão delas. Ninguém é uma ilha e aquilo que fazemos traz influência sobre outros.
Observe que isso é adoração ao Senhor; o me envolver com o próximo visando a salvação dele. Adorar a Deus é viver pelas pessoas por quem Ele morreu! Adorar a Deus é servir os seus filhos!
Pense nisto:
Ao usar a minha roupa ou fazer minhas atividades estou servindo a Deus e as pessoas que igualmente a mim são alvos da graça de Cristo?
Dentro do propósito de Salvação para que servem os esmaltes, adereços e jóias? Caso sirvam para a salvação das pessoas, então alguém me dá aqui uma argola gigante, um piercing GG para que eu coloque no meu nariz! -Se é pra salvar, vamos fazer bem feito, pinto até as unhas de preto! (rsrs)
Deus deseja estar presente 24hs por dia em nosso coração. É preciso percebê-lo interessado em nossas escolhas. Quando isto acontecer, restaurar-se-á em nossa vida o senso de Sua presença, os argumentos e polemicas vão cessar, nossas opiniões egoístas darão lugar a uma atmosfera de gratidão e serviço, louvor e adoração!
Maranata e até o próximo post!!